29 de novembro de 2015

PINHAL DO REI

PINHAL DO REI

Catedral verde e sussurrante, aonde
a luz se ameiga e se esconde
e onde ecoando a cantar
se alonga e se prolonga a longa voz do mar,
ditoso o Lavrador que a seu contento
por suas mãos semeou este jardim;

ditoso o Poeta que lançou ao vento
esta canção sem fim...

Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal louvado,
são as caravelas, teu corpo cortado,
é lo verde pino no mar a boiar,

Pinhal de heróicas árvores tão belas
foi teu corpo e da tua alma também
que nasceram as nossas caravelas
ansiosas de todo o Além;
foste tu  que lhes deste a tua carne em flor
e sobre os mares andaste  navegando,
rodeando a Terra e olhando os novos  astros,
oh gótico Pinhal navegando,
em naus erguida levando
tua alma em flor na ponta  alta dos mastros!...

Ai flores, ai flores do Pinhal florido,
que vedes no mar?
Ai flores, ai flores do Pinhal  florido,
que grande saudade, que longo gemido
ondeia nos ramos, suspira no ar.

Afonso Lopes Vieira

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